Decifra-te ou serás devorado.
I
Se nasceu, se alimente rápido.
Descubra seus elixires e seus venenos.
Se arraste, engatinhe, machuque os joelhos,
Se pendure e comece logo a tropeçar.
Você está andando?
Chore, murmure, tente falar como os
outros...
Quem sabe, fingem te entender.
Não morda. Isso ainda não é bonito...
Se sente sozinho?
Engole um livro.
Ainda só?
Se vira, estamos todos sozinhos.
II
Já viu o espelho?
Aquele lá não é você...
Já viu alguém na poça d'água te fitando?
Parece você não é?
Será que é mesmo?
Já chorou?
Não dessas dores de corpo...
Sangue você tem muito mais, deixa sair!
Mas aquelas dores que nem quando você foi
desmamado você sentiu?
Já sabe o que é querer?
Como quando você está em um dia seco e
ensolarado e não pode beber água...
É quase isso não é?
Você já quis, não quis?
III
Já sofreu?
Já se rebelou?
Já fez algo diferente?
Diferente desses robôs que te rodeiam?
Duvido. Quem é você?
IV
Quem sou eu?
Licença:
Me arrastei, dependurei, mordi, sangrei...
E nem assim eu sei.
V
Você ainda está lendo isso?
Quem sou eu pra te questionar?
VI
Para!
Não posso ajudar.
Nesses anos eu só aprendi uma coisa:
Que ninguém sabe e pronto...
Se vira...
VII
Lá vem ela, olha lá a cabeça de falcão...
A pata de leão...
VII
Corre!
Geisiane Anatólia Gomes
Ouro Preto, 22 de setembro de 2011.
Ps.: Amanhã a primavera chega e eu ainda não sei
nada...
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