terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Louca, mas feliz.

Eu amarguei dezenas de dias presa, me abstive de muitas coisas, tive acesso a outras, me apaixonei pelos meus amigos, estranhos mas esquisitos como eu. Fui Dark, gótica, troquei as lentes escuras dos meus óculos, comprei uma lapiseira cor de rosa, li a Gloss, cantei aos quatro ventos meus vícios e minhas verdades, só não escutou quem não quis - Coloquei cera de abelha nos ouvidos de alguns familiares. Deixei as unhas crescerem, frequentei academia, odiei, amei, desejei, cobicei, invejei, matei...Milhares de formigas e moscas.E entre 2008 e 2010, três anos, carreguei nas costas meu fracasso escolar e minha vergonha imbecil no rosto...Só que agora, eu estou livre!
Sim, eu larguei o técnico integrado ao ensino médio no Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ouro Preto, onde ingressei por um "vestibular" na 44ª posição em 80 vagas no ano de 2008, local onde sonhei estarem as portas  do meu sucesso financeiro e do meu brilhante futuro dando - o inútil - orgulho, a minha mãe, que gasta mais do que deveria comigo. Mas minha vida, curta, mas suficiente, me ensinou uma coisa: Você não pode fugir de si mesmo.
Eu não fui feita pra reproduzir, fui feita para criar.Fui feita para evitar cálculos frios e abominar  falsas certezas.Eu fui feita para viver de inventar, fui feita pra viver a realidade mas abstrata possível, feita pra viver suja de tinta, com a boca cheia de chocolate, café e poesia.Eu fui feita pra criar minha filosofia.Seja ela, em quadros, cantos, sabores ou ventania.
***

Agora com os dias vagos - escola só a partir das 19hs e só dia 02/02, tenho consumido doces, chocolates e café, leio pouco , mas mesmo assim ando lendo algo. Comprei novos pincéis e tintas- voltei a aquarelar,  tenho usado roupas frescas, principalmente uma saia a la mode hippie.A casa onde vivo está em obras e só sei pensar na rede que logo vou comprar pra poder tirar um bom cochilo em alguma tarde quentinha.As frases escritas nas paredes do meu quarto a próprio punho,estão apagando, não demoro faço outras. As mangas "coquinho" estão doces e tenras, queria eu abrir o apetite como elas. Aumentei minha coleção de xícaras e encontrei dois caracóis outro dia, minha primeira aquarela são flores sem espécie e cor de rosa.Minha aflição por fotografias ainda continua a mesma...







 No fim das contas o fato é que...
É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.

Friedrich W. Nietzsche

ordo ab chao 




quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Trecho.

Sentimentalismo e brutalidade são dois extremos de um único impulso: a necessidade de controlar, o desejo de ter poder sobre alguém, seja obtendo-o por meio de uma enganadora manipulação de doce voz, seja por meio de força sádica e mórbida.
   - A História Perdida de Eva Braun, p 41. Angela Lambert.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vida que Não Para, Odair José




vida que não pára
máquina que voa
quanta gente andando à toa
coração de ferro
mente de metal
nasceu no espaço sideral
conte comigo
sou seu amigo
pode confiar em mim
não tenha medo
não faça segredo
pois a vida não é assim
você que pensa que o mundo é quadrado
você que pensa que o amor não existe
você que acha que anda tudo errado
por causa disso é que está sempre triste
gente bem de vida
povo da favela
casa que não tem janela
mundo sem prazer
noites de agonia
quem levou minha alegria?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

12 de janeiro de 2011.

Hoje eu usei um All Star daquele modelo "star play''  que tem uma seta e uma estrela;era meu preferido à três anos atrás.Na época em que eu flutuava entre escola (com boas notas) e meus cursos de artes e música.Nesse tempo eu enjoava em ônibus que percorriam menos de 1km, andava com os cabelos presos em um coque que terminava em um rabo de cavalo e era como se usasse régua para dividir o cabelo ao meio e claro: óculos.
Melhores dos que eu usava até a quinta série.Pra não me enrolar eu vou ao assunto principal.Me vi diminuir 2 à 3 cm ( que foi o que eu cresci desde aquele tempo.) Me lembrei dos melhores momentos e dos piores também e vi que esses piores podem ter sido loucos mas não tão angustiantes como esses últimos dias.
Larguei esses momentos pelo sonho de ter uma boa vida, me formar técnica e depois engenheira geológica, de minas ou até engenheira ambiental.Passei em um vestibular concorrido,passei do 1º ano com dependência em matemática, cheguei no 2º e fui reprovada;fui em frente e repeti o ano,não tirei a dependência em matemática I e nem passei, fiquei com 50 (precisava de 60), em matemática II e por ter duas dependências fui reprovada mais uma vez e  me vejo por isso obrigada a largar esse que a muito não é mais um sonho meu.
Vou me distanciar de muitos,perder ídolos,largar uma bolsa do CNPq e me atirar na boca de uma outra escola com pessoas estranhas (espero conseguir vaga no D. Pedro, a noite de preferência )
Todos me dizem que é assim o acaso, tudo vai ficar bem.Eu odeio o acaso,deixo isso bem claro...
Pareço carregar quilos de chumbo nos ombros e dardos venenoso no peito, minha cabeça dói, como dói...
E eu não posso fazer nada não é?!!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Poesia.



Sabes que és o meu pássaro mais lindo e que por amar-te deixo-o livre.
Mas sabes eu sei, que lhe espero ávida para que em minhas mãos se transforme.
São horas amargas as de sua ausência em mim.
Dizes que quer voar ao meu lado, mas clamo-te não se prenda, não posso regar seus desejos a toda hora.

Tua presença perturba, amortece, machuca, sacia...
Os produtos de nossa soma são inúmeros versos.
Pequenos mais indomáveis acordes.

Meus devaneios são a alegria de teu corpo todo.
E seu sussurro meu elixir.

Sabes de meu apreço por nossas horas,
Pelos borrões de tinta que sobram de nós,
Pelos soluços embriagados que compartilhamos
E pelas noites que enfrentamos olhando um no olho do outro.

Tenho gênero, mas você muda de acordo com meu desapego.

Dança com minha sombra e eu nem vejo.
Despeja em mim tudo que perco.
Grita aquilo que não tenho ouvido por pirraça.
Toma-me pelos braços e me joga no deserto de minh'alma.
Fazes o que teu peito manda, mas não clama afirmações minhas.
Sou aluada e meu segundo nome é Platão.
E você faz disso minha dívida.

Pensam de ti em minhas mãos um homem
Sabes que os desejo...
Tolos não sabem que és tão prazerosa quanto o toque de um.

És a minha palma no fim do espetáculo da vida.

Será que revelo teu nome comum, ou deixo que imaginem quão própria és em mim?

Revelo então...
És feita do abstrato que há em meu peito,
Corre por vários terrenos que vão do vergê ao código binário.
É inocente condenada dos sonhos de moribundos como eu.
És segredo de esfinge, mas encanta quem pode ver.

Poesia, minha vida, seja em prosa ou em verso, rogo-te, jamais morra.

Dias sem devaneios meus, brotos teus no papel são a perdição.
É quem dá vida a rebelião que sempre existe inócua em meu peito,
Quem fará eterna vida tão pequena como à de meus passos.


Seja feita na feira ou na madrugada que sempre me carrega regada a café.
Quando tenho vontade de dançar com o sol ou quando tomo banhos de chuva e trovões.
Feita quando minh’alma cansa do peso do meu corpo.
Ou hora ou outra quando os pilares de meu viver são rompidos.

Você é a única a aceitar minha péssima grafia.
Única que jamais me abandonou...
Nem quando lhe maldizia.

Quando tudo for fim pra mim, sei que me acompanhará depois de anos flutuante.
Mas por labuta de nossa vida conjunta, deixaremos esses quilos de versos.
                                                                                      [ Físicos de abstrações minhas.
E poderei por hora descansar tranquila.






Geisiane A. Gomes

Ouro Preto, 2 de janeiro de 2011.