sábado, 28 de maio de 2011

O sistema, a educação e nós, o suposto futuro da nação. – O que professores, salários e falta de investimento têm pra contribuir para a face do país.

"A noite estrelada", 1889 - Vicent Van Gogh.

Sempre disseram que as crianças são o futuro, que delas há de vir o que tiver de melhor para o mundo. Eu realmente espero que essa profecia não precise de um bom ensino escolar pra acontecer. Com inúmeros problemas que já fazem “aniversário” de tão velhos, o sistema educacional público do Brasil só tem um a coisa a oferecer aos seus alunos: dias em casa sem objetivo e o mínimo de educação.

A educação brasileira vive anos de crise. Queremos crescer, mas não educamos pra isso, queremos nos tornar uma grande economia, mas não temos profissionais capazes dentro do país. Hoje parece nos bastar o título de “caldeirão cultural”.  

Todos apontam para os erros que fazem a péssima educação atual, todos esperam que alguém concerte os erros por eles, todos esperam que as coisas se resolvam sem que ninguém faça algo. É como querer se alimentar sem abrir a boca.

Os professores reclamam do péssimo salário, a sociedade reclama da péssima educação, o aluno nem sabe como reclamar, parece que estamos no século passado. Se o professor quer que seu salário aumente, que tal ser testado na mesma periodicidade? Conheço professores que não mereceriam ganhar nem o salário mínimo. Professores esses, que se largam nas mesas e ignoram que estão com a sala cheia de alunos a espera de conhecimento; professores que não se esforçam de maneira alguma pra dar aos alunos o mínimo de conteúdo.

Querem que os alunos leiam, mas conheço poucos professores que leem. Querem que os alunos tirem da televisão o que há de melhor nela, e não tem o mínimo de curiosidade para indicar um bom documentário, se é que assistem algum. Professores de ensino primário que não leem gibis, não sabem qual o bom desenho que passa na televisão, que não tem idéia de como tornar dinâmica um aula, que não conseguem modificar enunciados de atividades que são os mesmos daquelas cartilhas antigas que ensinam “ B com A BA” .

Professores que tiram do aluno vários dias letivos para fazerem paralisações, que ficam mais de trinta dias sem dar aula. Professores que querem o bolso cheio, mas vivem com a cabeça vazia. Professores, vulgos educadores que não tem proporcionado nada a seus alunos.

O sistema diz que tudo vai mal por conta de fatores variados que incluem o meio onde a escola está presente até mesmo pela quantidade de professores dentro da sala de aula. A rede de educação estadual ficou mais de um mês paralisada, no ano de 2010 e esse ano já fizeram mais de cinco paralisações. Tenho certeza que nenhuma das aulas desses dias será reposta. E mais certeza ainda que ano que vem tudo isso vai acontecer de novo. Não estou questionando o direito dos professores de receberem um salário razoável, nem de que devem lutar pra isso. Mas minha preocupação é somente uma: Até quando os alunos ficaram a mercê disso tudo, até quando a educação nacional produzirá alunos incapazes?

Alguns de nós alunos temos contado com a sorte de ter condição de aprender sozinhos, de sermos autodidatas, de termos a internet a mão e o olhar crítico para escolher bom conteúdo. Mas quantos outros não conseguem isso, quantos não tem acessos a internet, por exemplo?

Quando teremos um olhar mais atento do Estado em direção a educação, quando deixaram de querer fazer bonito com grandes estádios, e passaram a querer que seus alunos tenham o melhor ensino possível? Como um país quer crescer sem fazer crescer o conteúdo de seus cidadãos?

Quando o exibicionismo e o capitalismo mercenário vão dar lugar a uma educação de qualidade?

Geisiane Anatólia Gomes
Ouro Preto, 28 de maio de 2011.

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