sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Poema.


O sono do imortal

Sabe aquele dia
Antes de ontem,depois de hoje?
Onde o tempo era tal qual no céu e no peito...
Um grande marasmo.

O lençol não era velho,mas já transparecia como renda
Foram as lavadas que o fizeram assim...
A cama de madeira e o travesseiro de algo maleável .

Pela janela,pra qual se dava de frente
Passavam os grunhidos de tudo fora...
Claro,fora até o muro.
Pela porta só os passos
E mesmo eles eram tão vagos.

Sabe aquele dia
Em que no céu se via a lua e se sentia o sol?
Eu chorava o tédio sentada em um grande livro.
Meus pés no chão frio
E minhas mãos presas nos nós do meu cabelo
Era um perigo, quase uma assombração.
Olhos fundos,boca seca e problemas para ouvir
Tudo lá em mim,mas nada que eu queria.

Sabe aquele dia
Em que nada além de nada acontecia?

Os macacos não me irritavam,
Nem o chocolate dava vida.
Na TV o pior dos filmes
Na estante os livros mais medonhos
Nas veias o mesmo sangue,o mesmo plasma, o mesmo lixo.

Há céus, sabe naquele dia
tudo só era resto.
Meu fel era afetuoso, mas os doces tão sarcásticos
Que eu só queria saber de cama
E só por pirraça do tempo eu estava presa.
Ao tempo, ao dia, a imortalidade - Que adivinha do saber
E claro do marasmo do cérebro que só ia atrofiando...
Cada dia mais sem chão.
A cada dia mais sem teto.

Geisiane A. Gomes
05/ agosto/ 2010.

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