2010 foi diferente dos outros, não pelos números sincronizados, mas pelos fatos fora de sincronia, pelos instantes que se sobrepuseram, pelas sensações que desfilaram na passarela da minha vida.
Devaneios, rebeliões feitas na surdina, saudades arrebatadoras, quilos de paracetamol, litros de lágrimas, horas no twitter... -O ódio corrompendo o ócio...Não me lembro de quantas vezes explodi de raiva, chicoteei meu alter ego e bani de mim quem não me fazia bem.Transformações já são rotineiras,o excesso de café também, só não é mais rotineiro do que as tardes levadas a ferro e fogo e essa minha mania de digitar como se estivesse datilografando na máquina de escrever que nunca tive.Passei inúmeras noites acompanhada da minha amiga insônia e dos meus contatos no messenger msn. Ora ou outra uma ida a cozinha e ao banheiro,uns copos de água e umas colheradas de obesidade, vontades loucas sanadas com banhos de chuva com trovões. Amigos foram cravados no meu peito como tatuagens, são agora eternamente parte minha e minha vida.Os destilados são realmente meus preferidos e carne gorda só a minha,o vegetarianismo já consome meu ser.Escrevi menos que minhas mãos desejavam, sofri mais que minhas leves marcas de expressão sonharam, não amei esse ano, sabe amor de corpo e alma? Nem nos sonhos.Desejar eu desejei sim, não sou de ferro. Abocanhar meus desejados é que foram outros quinhentos...Sorvi de vários copos iluminação e me preenchi com mordidas de chocolates ao leite.Filosofei como uma puta e não me arrependo de odiar tanto os humanos. Acrescentei ao meu currículo novas formas de prazer.Senti vontade de ser zen,venerar o sol,a terra, o ar e a água...Fui muito mais do que posso descrever, fiz muito mais do que consigo lembrar pra escrever, senti mais do que consigo expressar em prosa. Ah, não tenho família!
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